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No início do ano estabelecemos as metas de emagrecer, aprender inglês, mudar de emprego, abandonar alguns vícios, adotar novos comportamentos, mas logo no primeiro mês, esquecemos tudo e voltamos a agir como antigamente. E o pior, é que com o fato de não cumprir o planejamento, perdemos o respeito próprio, a autoestima e tudo fica pior do que antes. Afinal, as metas foram planejadas corretamente, isto é de forma específica, exeqüível, ecológica, determinando as etapas e visualizando cada uma delas, e mesmo assim somos incapazes de as executar. O que acontece internamente? Como gerar uma força de dentro prá fora para entrar em ação?
Como funciona a mente de um Gandhi, Dalai Lama, Charles Chaplin e outros admiráveis seres que enfrentaram grandes adversidades para realizar os seus sonhos? Como ser um herói do cotidiano no qual precisamos ter força para matar um leão a cada dia? Se formos pesquisar a vida dos atletas olímpicos, eles passam quatro anos de treino, esforço, regime, exercícios para desfrutar um pequeno tempo de glória ao subir no pódio e levantar a medalha. Onde eles encontram forças para persistir no objetivo?
Os estudiosos do comportamento humano explicam à luz da Programação Neurolinguística – PNL que um ato tem quatro fases, na primeira almejamos, depois planejamos, em seguida executamos e por último vem a celebração. A fase mais desafiadora é sair do planejamento para a execução. A PNL observou que ao traçar objetivos a mente, inconscientemente, tem valores conflitantes, ou seja, um lado nosso quer aprender inglês e outro lado quer assistir um filme, um lado nosso quer emagrecer e o outro lado quer comer chocolate, um lado nosso que ir para a ginástica e outro lado quer ficar dormindo na cama, um lado nosso quer assumir um cargo na empresa e outro quer viajar, um lado quer compromissos e o outro quer liberdade. E neste jogo, o mais interessante é que sempre ganha o lado que gera mais prazer.
Como seres duais, temos internamente forças conflitantes entre os prazeres do ego e a vontade da alma e na maioria das vezes, cedemos ao prazer ao invés de persistir no sacrifício. Na verdade, todo objetivo tem uma dosagem de sacrifício, toda conquista tem um preço, toda meta tem perdas e é preciso, no planejamento, estar consciente da dor de deixar de lado o gostoso do mel para provar do amargo da disciplina e da espera. É imaturo pensar que para tirar um objetivo do papel basta seguir algumas dicas. E muitos infantilizados entram na ilusão de que é suficiente que o objetivo seja traçado corretamente e que é o bastante responder as perguntas de um formulário e as coisas vão acontecer como em um passe de mágica. São os vendedores de facilidades que encontram seguidores ávidos em obter o máximo com o mínimo de esforço.
Na verdade, os expoentes da humanidade desenvolveram um esforço hercúleo para quebrar o condicionamento e vícios instalados. Ao abraçar um objetivo, é necessário também fazer a conciliação de valores que são chamas que se acendem dentro de nós e que se não atendidas nos boicotam. O valor de assumir um compromisso na empresa precisa ser mais forte do que o valor de ter liberdade, caso contrário o ser humano encontra um jeito de se sabotar. E tudo isto funciona inconscientemente e adquire uma força contrária maior que, por não termos consciência, nos domina.
Os que conseguiram ultrapassar as adversidades foram pessoas que sentiram que o valor do sacrifício e das perdas, traz em longo prazo, ganhos maiores. As questões mais nobres de força e realização estão em uma dimensão mais profunda do que a nossa vã filosofia possa imaginar. Os que abandonam seus sonhos são os imediatistas que se deixam levar pela superficialidade dos desejos e que não pensaram com antecipação, no primeiro e mais importante de todos os objetivos que é vencer a luta interna entre o ego e a alma.